Desde a postagem (Cenas) até a anterior a este post, ficamos um período de uma semana sem nem ao menos elaborar nada. O motivo, foi que recebemos uma notícia repentina e muito triste. Leonardo, um rapaz que conhecemos aqui em Dublin e que nos encontramos algumas poucas vezes faleceu de forma repentina e banal.
Não é algo que eu goste de publicar no blog por ser triste e por não querer parecer valer-me de algo tão trágico, mas com a perda do nosso amigo, há lições a serem aprendidas e ensinadas.
O Léo era como a maioria dos intercambistas: jovem, sorridente, maravilhado com as inúmeras novas experiências de uma estadia temporária em um país estrangeiro. Assim como eu, como o Diego e como você que pensa em fazer um intercâmbio.
Andando de bicicleta, ele freiou na rua molhada e, em desequilíbrio, caiu e bateu a cabeça, que estava sem a proteção de um capacete. Os amigos que estavam com ele, o acompanharam ao hospital já desacordado, em que passou a noite. Infelizmente, ele não resistiu e faleceu pela manhã.
Neste domingo, fomos à missa do Léo na igreja próximo ao local onde moramos. E assim como nós, todos aqueles que tiveram o privilégio de conhecê-lo, se emocionaram em uma missa feita em português por um padre irlandês. Muitos brasileiros e alguns dos amigos recentes de outros países que ele fizera ao chegar ao país. Foi inevitável que as lágrimas de tristeza corressem pelo rosto de quase todos que ali estavam presentes, inclusive nós.
Pedro (um dos que estava no momento do acidente, flatmate do Léo e amigo nosso) veio nos cumprimentar com a face compreensivelmente abatida e a pergutar se tínhamos uma bandeira do Brasil para emprestar. Não tínhamos, o que não impediu que outra bandeira fosse estendida no altar, presa pelo porta retrato do Léo. A bandeira do time paulista Corinthians. Debate de futebol a parte, mas o Léo era um dos muitos corintianos que estão em Dublin e que estava conosco no dia que fomos assistir o jogo no Whool Shed e que fizemos uma feijoada aqui no apartamento escutando o jogo de futebol.
Mesmo os não católicos, mesmo os não cristãos, mesmo aqueles que a pouco o conheceram, vieram orar por ele. Pois muito além da questão da religião em que se deposita a fé, é o compartilhamento de um sentimento tão mundano, que só nós humanos temos a capacidade de senti-la tão intensamente.
Ao final da missa, todos se levantaram e deixaram recados que seriam enviados juntamente com o corpo para ser sepultado em Marília, cidade natal do Léo.
Saímos da igreja abatidos, fomos dar uma volta para refrescar a alma, pensar no valor dos nossos sonhos, dos nossos planos, das pessoas que nos rodeiam, que torcem por nós (mesmo que a milhas de distância), do valor da alma, do espírito, da consciência, da vida.
O céu estava claro, azul e tempo impreensívelmente quente, lembrando o clima do Brasil. Mais tarde, no mesmo dia o Corinthians jogaria contra o também paulista São Paulo e ganharia de 5x0. Independente do que você que lê este post acredita, seria muito bom imaginar que ele tenha ficado muito feliz com o resultado do time que ele tanto amava... tanto quanto amava sua família e o Brasil.
Conhecemos aqui o sentido mais profundo da saudade em seu sentido bom, e com a partida do Léo, em seu sentido triste também.
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