terça-feira, 28 de junho de 2011

Dias Tristes

              Desde a postagem (Cenas) até a anterior a este post, ficamos um período de uma semana sem nem ao menos elaborar nada. O motivo, foi que recebemos uma notícia repentina e muito triste. Leonardo, um rapaz que conhecemos aqui em Dublin e que nos encontramos algumas poucas vezes faleceu de forma repentina e banal.
              Não é algo que eu goste de publicar no blog por ser triste e por não querer parecer valer-me de algo tão trágico, mas com a perda do nosso amigo, há lições a serem aprendidas e ensinadas.
              O Léo era como a maioria dos intercambistas: jovem, sorridente, maravilhado com as inúmeras novas experiências de uma estadia temporária em um país estrangeiro. Assim como eu, como o Diego e como você que pensa em fazer um intercâmbio.
             Andando de bicicleta, ele freiou na rua molhada e, em desequilíbrio, caiu e bateu a cabeça, que estava sem a proteção de um capacete. Os amigos que estavam com ele, o acompanharam ao hospital já desacordado, em que passou a noite. Infelizmente, ele não resistiu e faleceu pela manhã.
              Neste domingo, fomos à missa do Léo na igreja próximo ao local onde moramos. E assim como nós, todos aqueles que tiveram o privilégio de conhecê-lo, se emocionaram em uma missa feita em português por um padre irlandês. Muitos brasileiros e alguns dos amigos recentes de outros países que ele fizera ao chegar ao país. Foi inevitável que as lágrimas de tristeza corressem pelo rosto de quase todos que ali estavam presentes, inclusive nós.
              Pedro (um dos que estava no momento do acidente, flatmate do Léo e amigo nosso) veio nos cumprimentar com a face compreensivelmente abatida e a pergutar se tínhamos uma bandeira do Brasil para emprestar. Não tínhamos, o que não impediu que outra bandeira fosse estendida no altar, presa pelo porta retrato do Léo. A bandeira do time paulista Corinthians. Debate de futebol a parte, mas o Léo era um dos muitos corintianos que estão em Dublin e que estava conosco no dia que fomos assistir o jogo no Whool Shed e que fizemos uma feijoada aqui no apartamento escutando o jogo de futebol.
              Mesmo os não católicos, mesmo os não cristãos, mesmo aqueles que a pouco o conheceram, vieram orar por ele. Pois muito além da questão da religião em que se deposita a fé, é o compartilhamento de um sentimento tão mundano, que só nós humanos temos a capacidade de senti-la tão intensamente.
             Ao final da missa, todos se levantaram e deixaram recados que seriam enviados juntamente com o corpo para ser sepultado em Marília, cidade natal do Léo.
            Saímos da igreja abatidos, fomos dar uma volta para refrescar a alma, pensar no valor dos nossos sonhos, dos nossos planos, das pessoas que nos rodeiam, que torcem por nós (mesmo que a milhas de distância), do valor da alma, do espírito, da consciência, da vida.
             O céu estava claro, azul e tempo impreensívelmente quente, lembrando o clima do Brasil. Mais tarde, no mesmo dia o Corinthians jogaria contra o também paulista São Paulo e ganharia de 5x0. Independente do que você que lê este post acredita, seria muito bom imaginar que ele tenha ficado muito feliz com o resultado do time que ele tanto amava... tanto quanto amava sua família e o Brasil.
             Conhecemos aqui o sentido mais profundo da saudade em seu sentido bom, e com a partida do Léo, em seu sentido triste também.

Foto do altar, gentilmente cedida pela nossa amiga Bibiana.
Faltou a bandeira brasileira, mas a bandeira do time de paixão do Léo e o porta-retrato com
sua foto sorridente é a lembrança que todos tem dele.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Horário Standard Irlandês (IST)

                
                 Valendo uma paçoquinha... Olhe para a foto acima. Analise por alguns segundos e responda rapidamente: Que horas eram quando esta fotografia foi tirada?
                 17:00h?
                 18:00h?
                 19:00h?
                 20:00h?
                 20:30min?
                 Mais cedo?
                 Mais tarde?
                 Em Marte?
                 Bom, se você respondeu 22:30min, você está certo! Uma paçoquinha para você!
                Agora responda ainda mais rápido: que horas era quando a foto abaixo foi tirada?
                 Se você respondeu 4:00h, você está corretíssimo! Outra paçoquinha de prêmio para você!
                 Sim, sim. Para nós, nativos sul americanos, isso parece estranho, não?
                A Irlanda tem diferença de 3 horas a mais em relação ao Brasil em seu fuso horário. Porém todos os anos, a partir do último domingo de Março até o último domingo de Outubro, entra em funcionamento o Horário Standard Irlandês, conhecido popularmente (mas erroneamente) como horário de verão irlandês (aplicado também no Reino Unido). Durante este período o horário é adiantado em 1 hora, como é feito no Brasil. Com a entrada da Primavera e a medida que se aproxima o Verão, os dias tem mais horas de luz. No ápice do Verão, há dias que há somente 4 horas de escuridão.
                 Atualmente, vemos o céu começar a escurecer as 22:30 e começar a clarear as 3:50 aproximadamente.
                 Para quem já vivenciou este período, as histórias são engraçadas. Vamos contar uma delas com o codinome do protagonista de João.
                 João certo final de semana resolveu ir a uma baladinha em Dublin. Eram aproximadamente 23:00h quando ele chegou na tal baladinha com luz no céu. João entrou na baladinha, bebeu, badalou, aproveitou bastante e saiu as 2:30h (horário aproximado que costumam fechar os pubs e baladas). Para a surpresa de João, o céu tinha luz como se fosse de dia. Sim, todo o período de escuridão característico da noite havia passado enquanto ele estava da baladinha! E assim ele não viu a noite naquele dia fatídico... Está parecendo enredo de filme de suspense/ficção. Vou escrever e mandar para o Spielberg!


Para saber sobre o horário exato em diversos países do mundo e seus "horários de verão", acesse 24 Time Zones.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Cenas

                 Ao vir para um país estrangeiro, seja ele a Irlanda ou qualquer outro do planeta, nos deparamos com muito mais do que culturas distintas batendo de frente. Nos deparamos com a importância que os detalhes fazem em nossas vidas. O detalhe de como arrumamos a nova casa, como dispomos os frascos de shampoo no banheiro, como cai a chuva, como é bom as vezes fazer nada entre amigos, enrolados em um edredon no chão da sala. Como é difícil e gostoso sentir saudades dos detalhes da sua vida no país que você deixou para trás... mesmo que só por um tempo!

Bia e Bibi andando de bicicleta até o Bloom Festival
Jonas a procura do esquilo fujão.
Só porque está de verde, acha que está camuflado.
Cervos que ficam soltos no Phoenix Park, o maior parque da Europa.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Bichinhos de Estimação

                Ter um cachorrinho na Irlanda é sinônimo de muita responsabilidade. Por quê? Simples: para ter um pet por aqui, tanto o dono do bichinho quanto o próprio, devem ser cadastrados para monitorar donos negligentes e garantir o bem estar nos nossos amigos quadrúpedes. E o que parece burocracia demais, tem resultados excelentes: sem cães abandonados nas ruas. Você pode procurar, mas não irá encontrar um único cãozinho sem o dono por perto. Se por acaso você vir um, provavelmente está perdido e você pode ajudá-lo olhando em sua coleira a procura do contato do dono, ou se não houver nenhuma informação, você pode encaminhá-lo a um dos vários abrigos. No abrigo será possível verificar as informações do bichinho caso ele tiver um chip sob a pele ou se não tiver, ele entrará para uma lista de animais achados e perdidos. Eis alguns links destes lugares:


                Brincar com os cães é um pouco diferente por aqui. O ato de jogar a bolinha é feito de forma diferente. Como? Bem, no Brasil você pegaria a bolinha com as mãos e jogaria o mais longe possivel. Por aqui a maioria dos donos usam uma espácie de "bracinho mecânico" para pegar e jogar a bolinha. Esse "braço" é uma haste com uma garrinha na ponta, que é controlada pela outra extremidade. Diferente, não?
                Quanto a nós, fomos a uma lojinha tipo pet shop. Lá, peixes brasileiros como o Neon e Acarás Discos. Iguanas, camaleão anão, coelhos, hamsters, cobras, aranhas e outros. Uma funcionária que limpava nos disse que tem nada mais, nada menos que 18 cobras em casa, a maior com 2 metros de comprimento.
               Os bichinhos não eram caros. O camaleão anão (que penamos a localizar dentro do aquário) saía por €50,00, hamsters por €15,00, cobras por €35,00. Isso além de acessórios, gaiolas, aquários, ração, camundongos congelados, grilos vivos e etc...
Para nós que não estamos esbanjando dinheiro, e para pregar uma peça na Bibi (que é fanática para ter um bichinho aqui), fizemos o Carlos! Nosso novo mascote.

Carlos.
Nosso mascote feito de bexiga de Mc Donalds, algodão, grãos de pimenta do reino,
cerdas de vassoura e um pedaço de barbante. A comida? Erva para chimarrão.

domingo, 5 de junho de 2011

Dicas de Viagem 11 - Tá com Fome?


                    Você está andando pelas ruas do centro de Dublin, próximo a O`Connell Street, sorrindo, tirando fotos, com cabelos ao ventinho gelado e de repente... grrrrrrrr. O monstrinho que mora no seu estômago acorda e pede para alimentá-lo.
Cansado ou sem vontade de comer lanches dos multinacionais Mc Donalds, Subway, Burger King e cia? Quer comer comida de verdade? Comida que vem no prato e não na caixinha? Comida cozida e não frita? Comida brazileira? Então vai a dica:

Epicurian Food Hall
Lr. Liffey St.
Dublin 1
(rua do Luas - subindo a O`Connell, rua do lado esquerdo)

                      A entrada não é das mais chamativas, atraentes e de nota 10, mas assim que você cruza estas mesmas portas, um mundo incrível e mágico surge diante do seus olhos! Tudo bem, eu fui um pouco dramática demais agora. O ambiente é como uma pequena praça de alimentação, movimentada como as de um shopping. No centro, as mesinhas com suas respectivas cadeiras e em volta, diversos restaurantes vários países. Dentre eles, culinária brasileira, grega, italiana, mexicana, vegetariana, turca, asiática (tailandesa, chinesa e japonesa), batata recheada e lanches, steak house, espanhola entre outros. O difícil é decidir em qual comer.
                      Alguns oferecem serviço de buffet que funciona da seguinte forma: Pegue o que você quiser, uma vez, no prato menor por €7,50 ou pegue o que você quiser, quantas vezes quiser, no prato maior por €9,00.
                     No caso do restaurante brasileiro (Rio Brazilian Grill), deixamos abaixo o cardápio com as opções inicialmente oferecidas pelo restaurante recém inaugurado. 


                     Deu água na boca? Então dê um pulinho lá e bom apetite!



- Post atualizado Novembro de 2011.

100º Red Bull Flugtag

                        Sim, fomos ao evento da Red Bull. O famosíssimo Red Bull Flugtag. Para quem não tem idéia do que se trata o evento, vamos a simplificação: você e seus amigos se increvem como competidores do evento em que o objetivo é que você construa e traga um "veículo" que tenha estética atraente e criativa e que fique no ar o máximo de tempo possível, percorrendo a maior distância antes de cair inevitavelmente na água.
                    O evento foi em Dun Laoghaire e por ser de graça, em um sábado e perto de Dublin, logo imaginamos que estaria movimentado.
                    Acordamos cedo, e pegamos o Dart até a estação de mesmo nome. Impressionante que ao chegar no destino, todos (sim, to-dos) desceram dos vagões. Jovens, crianças, famílias, turmas inteiras estavam ali para ver o evento. Uma multidão que nem imaginávamos que iria se multiplicar (e muito) mais tarde.
                   O sol estava gostoso mas o vento estava impossível. Era como se o dono do tempo ligasse a turbina e um grande avião, dificultando até andar contra ele. Entramos em uma fila esperando que os portões para a área destinada para a multidão fossem abertos. E como eu já mencionei antes, nós brasileiros somos uma verdadeira "praga" neste país. Para onde você virasse havia um, dois, três, vinte conterrâneos. Chega a ser estranho estar ali.
Finalmente os portões foram abertos e todos andavam apressados para conseguir um lugar privilegiado. O Jonas e o Diego literalmente correram. Eu, na melhor ilustração do ditado "onde a vaca vai o boi vai atrás", corri para não me perder.
                  Posicionados, todos esperavam o início do evento ao som alto de Guns and Roses, Prodge, Foo Fighters, Nirvana e outros. E justamente por conta do vento forte, foi anunciado que o início seria daqui 1h30. Todos desanimaram, pois tinham ciência de que se saíssem de onde estavam, não voltariam mais para lugares tão bons. Neste meio tempo, chegavam mais e mais pessoas, até que o lugar ficou tomado por milhares de cabecinhas curiosas.
                 Finalmente o evento começou e o homem do tempo quis sacanear a todos novamente fazendo garoar. Mas o homem do tempo tinha uma carta melhor na manga, ou melhor, na nuvem, e fez o sol ir embora, ficar frio, ventar gelado e chover. O verdadeiro "trol" meteorológico!
                Como eu estava com uma blusa bem quentinha, não sentia frio algum mesmo estando grudada na grade sem ninguém a minha frente, mas logo o Diego me chamou e disse que todos queriam embora por conta do frio. Só eu tinha ido com uma blusa para frio mais intenso, o restante da turma estava congelando com o rosto duro. Não tivemos escolha a não ser ir embora somente com cerca de uma dúzia de fotos para casa. Uma pena, mas quem sabe na próxima vez, quando todos lembrarem de ir bem agasalhados.
Para ver mais fotos do evento entre no site oficial do evento aqui.

Organizadores do evento acertam detalhes finais antes do início do evento.
Está vendo milhares de pontinhos? São milhares de cabecinhas assistindo ao evento.
Nenhum guarda chuva é páreo para o vento que estava.
Crianças brincam com os livretos informativo do evento.
Nele as pessoas escolhiam a nota para a performance de cada participante.