Achados e Perdidos - Raisa e Roberto

                   Adoro dizer que a experiência de intercâmbio é muito mais que só aprender inglês, e que isso é só uma consequência de tudo que você irá vivenciar neste momento de tanto aprendizado. E além de tudo que você leva consigo para complementar o seu currículo, você carrega lembranças de amizades impagáveis.
                   Pernambucanos orgulhosos, esse casal foi uma companhia para lá de agradável e conveniente. Afinal, para um casal como nós, nada melhor que ter outro casal como flatmates. E ao final do ano eles voltaram para o Brasil deixando um montão de boas lembranças de quase 1 ano de convivência diária e de passeios.
                   A Raisa é daquelas moças independentes e seguras de si, mas que é ao mesmo tempo uma menina descontraída e meiga. Deu e causou muitas risadas na casa, com suas costumeiras trocas de palavras nas frases, criando pérolas impagáveis que viraram jargões e motivo de risada gratuita mesmo nos dias mais monótonos.
                  O Roberto é o cara que pode ser descrito como o cara que fala "parrudo" e tem coração de pai. Confesso que durante um bom tempo e muitas vezes não conseguia entender o que ele falava, por conta do sotaque e seu jeito de falar "para dentro". Mas ele era tipo um pai no apartamento, sempre passando a mão no queixo e analisando as situações com cara de aprovação/reprovação. E o melhor de tudo era que de acordo com ele mesmo, ele comia qualquer coisa, o que significava que até hoje não sabemos o que ele não gosta. Pedra talvez?
                  Enfim, esse casal deixou e deixa saudades. Muito pela companhia excepcional e muito pelas coisas que muito provavelmente jamais faremos novamente (ou dificilmente) com outros, como fazer sessão cineminha na sala com edredons no chão e o notebook na mesinha de centro, "macatum" (macarrão com maionese e atum) nos finais de semana e churrascos na área aberta do prédio.
                  E assim fica a falta do Roberto colocando farofa em tudo que comia, a Raisa tomando Quick de Morango, ele gritanto de nervoso nos jogos do Sport com sua camisa inseparável, ela trocando as palavras, ele voltando do trabalho de madrugada, ela falando do meninho que cuidava (Max), ele fazendo cuzcuz na panela enquanto ela sonhava com suco de graviola, galinha guisada e feijão verde.
                 Quando e onde nos veremos novamente ainda não sabemos, mas quando isso acontecer, assunto não vai faltar. Afinal, como a Raisa mesmo dizia: se voltaremos para o Brasil falando inglês eu não sei, mas história para contar... "tá com a poxa"!

p.s.: "tá com a poxa" é uma expressão informal regional de equivale a "tá louco" em São Paulo, que expressa surpresa em relação a algo inacreditável. Estar estupefato com algo.